domingo, 1 de abril de 2012

Considerações Gerais da Grécia Antiga.


CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE GRÉCIA ANTIGA.
Sempre que se fala em Grécia Antiga pensa-se imediatamente em cidades-estados, em democracia; nos grandes filósofos, Sócrates, Platão e Aristóteles; na escultura e na arquitetura. A alguns pode ocorrer, ainda, o “século de ouro” ou século de Péricles (V), ou mesmo as tragédias de Ésquilo, Sófocles e Eurípides. Convém estar atento, contudo, ao fato de que esses lugares-comuns pertencem ao apogeu da civilização grega, o período clássico, e dizem respeito, sobretudo a Atenas, uma entre muitas cidades que compunham a Hélade na antiguidade. Esquece-se com freqüência que a democracia, as grandes obras de arte e a plenitude da pólis dependeram de longos séculos de formação, criação e amadurecimento.
Na verdade, o conjunto de traços que se articularam para compor o que conhecemos como a Grécia Clássica começou a se desenvolver a partir do século X aproximadamente, durante a época que se convencionou chamar de “homérica”. A formação da pólis grega propriamente dita com suas características principais, o desenvolvimento da noção de cidadania, o estabelecimento dos fundamentos econômicos e sociais da civilização grega, datam do período arcaico (aproximadamente 700-500). O período clássico corresponde ao século V e parte do século IV e, finalmente, é na época helenística (336-146) que se verifica o declínio da pólis grega.
Em primeiro lugar, trata-se de uma periodização que se generaliza a partir da história da cidade cujo desenvolvimento mais conhecemos: Atenas.
Com efeito, o grosso da documentação que é disponível sobre a Grécia Antiga provem de Atenas, principalmente no que se refere à documentação escrita. Por outro lado,o tipo de estabelecimento populacional na Grécia, sua excessiva fragmentação, ou seja, o fato de não ter existido uma unidade política entre as diversas cidades que compunham a Hélade, tornou impossível uma sistematização que correspondesse estritamente ao seu desenvolvimento geral. Isto quer dizer que cada cidade possui um ritmo próprio de desenvolvimento: Esparta, por exemplo, manteve em pleno século V formas políticas e sociais consideradas “arcaicas” por alguns historiadores. Outras regiões, como a Tessália e a Macedônia, não chegaram a possuir pólis na acepção completa do termo.
A segunda questão que se coloca quanto à periodização diz respeito a civilização Micênica, que se desenvolveu na Grécia na “Idade de Bronze”. Por muito tempo acreditou-se que esta civilização não estava relacionada à história grega. Entretanto, na década de 1950, a decifração dos tabletes escritos em Linear B, provou que a língua que se falava então era o grego. Neste caso, a civilização micênica foi uma civilização grega e como tal deveria figurar como um período a mais dentro da nossa cronologia. Entretanto, o conteúdo dos tabletes decifrados, aliado às informações arqueológicas provenientes dos centros micênicos, demonstram que estes possuíam traços sócio-políticos característicos do mundo oriental, não sendo possível, assim, estabelecer uma continuidade com a Grécia de tempos posteriores. No mundo micênico, apesar de tudo o desenvolvimento material, não existiram cidades, mas pequenos Estados que contavam com uma centralização econômica e política bastante acentuada. A produção e a distribuição dos gêneros dependiam em cada comunidade de um controle burocrático, desconhecido na Grécia mais recente. Aproximadamente entre 1200-1100, os Dórios invadiram a Península Balcânica e destruíram esta civilização. Mas, ainda que se tenha seguido um período de desordem, acompanhado por uma generalizada diminuição das condições materiais de vida, nem tudo da civilização micênica foi destruído. Como se viu, a própria língua sobreviveu. Mesmo assim, os fundamentos da civilização grega, daquela que amadureceu no século V, só foram estabelecidos após a queda do mundo micênico. 

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